16/06/08

Olá e adeus

Cá estou, para dizer adeus.


É verdade: já não me identifico com este blogue. Parece que é mal recorrente - já é o terceiro ou quarto, numa sequência que vem desde 2004.

Uns substituem os outros, enquanto ainda vou sentindo que vale a pena divulgar o que me passa pela cabeça na Internet, essa grande monstra indiscreta que sabe tudo e conta tudo, fazendo do mundo uma aldeiazinha de gente mexeriquenta.

Daqui, quando me apetecer e tiver tempo, parto para uma página nova e fresca, promissora de renovadas amizades virtuais e, sobretudo, espelho mais bonito, de uma nova eu, com qualidades que ainda não consegui desenvolver.

Até lá :)

08/05/08

DIA SIM

Não me interessa se isso é um sinal de frivolidade ou de outra qualquer fraqueza. Preocupo-me com o que os outros pensam de mim e incomoda-me saber que alguém me detesta, com ou sem razão para isso.

Hoje tive uma surpresa muito agradável: um grupo de ex-alunos veio oferecer-me um presente, decerto na sequência de uma situação delicada por que passei e à qual eles assistiram.

Além de ter sido muito gratificante saber que, contra a minha sensação no momento, houve quem apreciasse o evento que organizei e conduzi com a minha colega, o mais importante, hoje, foi constatar que eles gostam de mim o suficiente para se preocuparem em fazer uma lembrança e vir oferecer-ma pessoalmente.
Sei que, para muitos, por ser exigente e às vezes intransigente, ou por ser outras coisas que eles têm toda a legitimidade para não apreciar, sou uma espécie de persona non grata. E respeito a postura dos que preferem não me cumprimentar quando me vêem. Por isso mesmo, fico ainda mais grata e feliz ao ser contemplada por um gesto de carinho e amizade. Obrigada a todos e bem hajam!

05/05/08

O céu




O céu acaba no sítio dos astronautas.



Madalena

23/04/08

delírio psicossomático

Passam-me às vezes ideias tão parvas pela cabeça! (Espero que também vos aconteça...)

Acreditam que eu acredito que a posição em que durmo está relacionada com a minha psique? Eu explico: tenho muita dificuldade em ficar cabeça virada para a frente, quando me deito de barriga para cima, à noite. Tenho sempre tendência para virar a cabeça para um dos lados, de tal forma que comecei a pensar que havia nisso um motivo qualquer. Cheguei à conclusão de que é por ter medo de enfrentar as coisas que me assustam na vida, como se essa incapacidade para olhar para o tecto de frente espelhasse incontestavelmente a minha dificuldade em lidar com os problemas. E acreditam que, apesar de ser uma ideia absurda, continua a fazer sentido para mim?

O concurso de língua portuguesa deixou-me envergonhada perante os pais das crianças do ensino básico, que receberam prémios inadequados, ou que não receberam prémio nenhum, quando podiam ter ido para casa com um certificado de participação e não foram, porque eu não o fiz. Por mais que me apeteça dizer que fiz o que pude, com os meios que tinha, sei bem que me podia ter esforçado mais. E é aí que me vejo à noite na cama, a virar a cabeça para o lado: ou seja, a inventar desculpas para me livrar da responsabilidade de tudo o que não correu bem.
Ontem fiz um exercício: obriguei-me a ficar deitada e a adormecer de cabeça virada para a frente, como que a invocar uma nova coragem para enfrentar o desafio de assumir essa responsabilidade. E não é que resultou? Não só consegui adormecer e voltar a acordar nessa posição, como hoje de manhã, ao encontrar o pai de uma das crianças vencedoras (a quem oferecemos livros tão desadequados, que eles pensaram que tinha havido um engano!), tive a decência de me dirigir a ele para lhe pedir desculpa e para lhe prometer que no próximo ano farei melhor. Ontem, quando o vi, evitei-o propositadamente. Mas hoje olhei para ele de frente! E soube-me muito bem encontrar esta pequenina dose de coragem em mim.

Por favor, alguém me diga que isto faz um mínimo de sentido!...

21/04/08

DIA NÃO

Confesso que tenho uma forma predominantemente pessimista de ver as coisas.

Ontem apresentei um concurso de língua portuguesa em plena festa de finalistas do instituto, porque a direcção entendeu que as duas iniciativas deveriam ter lugar no mesmo dia, no mesmo local.
Para mim, não era a melhor opção, mas fiz o meu trabalho o melhor que pude, juntamente com uma colega.
Apesar de termos tido uma prestação, no meu entender, bastante positiva, a assistência estava impaciente e não gostou, sobretudo, que tivéssemos anunciado um empate e querido fazer mais perguntas às 3 pessoas que haviam ficado em 2º lugar. Fui vaiada quando disse ao microfone que era preciso desempatar o resultado e mal consegui fazer as 5 perguntas às 3 concorrentes, enquanto os finalistas, zangados com a espera, faziam barulho em sinal de protesto.
Depois de termos conseguido apurar os vencedores e de lhes termos oferecido os prémios, saímos finalmente dali, exaustas e tristes.
Hoje de manhã, no nosso blogue dedicado à língua portuguesa, ainda houve alguém que teve a gentileza de deixar um comentário depreciativo, atacando gratuitamente a minha colega.

Nestas coisas, como em tantas outras, é impossível trabalhar sem amor à camisola. Foi muito duro sermos assim expostas à má-criação e à incompreensão de um público desinteressado. Foi angustiante sabermos que os vencedores iriam receber prémios modestos e talvez até indesejados, e não os prémios que gostaríamos de ter podido oferecer-lhes. Foi difícil sairmos de lá de cabeça erguida e sorriso na cara, depois do que se passou. A única coisa que nos valeu foi a dedicação com que sempre trabalhamos e a confiança que ainda vamos tendo no que fazemos. Mas custou muito, se custou!
Por isso, hoje, quando alguém me dá os parabéns e comenta que «correu muito bem» tenho vontade de chorar.

15/04/08

Vende-se tudo!

Embirro com lojas que supostamente vendem determinado tipo de artigo e que depois começam discreta e paulatinamente a expor para venda objectos que não se integram, de todo, no género da loja, até que se tornam autênticas quermesses, cheias de tudo e de nada que se aproveite.

Conheço, por exemplo, vários cabeleireiros que agora também vendem roupa, colares e brincos, artigos de cosmética e sabe-se lá o que mais. Numa rua aqui perto há uma papelaria paradigmática desse género detestável de "loja do chinês" não assumida: vende t-shirts do Benfica, do Sporting e do Porto, molduras, bibelots e porcariazinhas inqualificáveis (das quais o mais emblemático é um bonequinho com cara de quem viu um bicho mau, a segurar mini-tabuleta que diz "amo-te"), mas sempre que lá vou para comprar papel de lustro, papel vegetal ou cartolina, nunca têm nada disso. Em vez de papelaria, está visto, devia chamar-se merd....aria.
Um destes dias fui a uma estação dos CTT e fiquei chocada, ao constatar, enquanto esperava que fossem atendidas as 10 pessoas à minha frente (só 3 balcões em 10, como sempre, é que tinham empregados atrás), que os CTT estão cada vez piores. Há anos que se lembraram de vender cartões de felicitações, álbuns para selos, livros e porta-chaves. Mas agora conseguiram superar todas as expectativas do cliente mais imaginativo! Vendem livros infantis, bonecos, telefones, canecas, kits de sócio do Sporting, ou do Benfica, ou lá de que clube é que é, eu sei lá!... Atrás do balcão, havia tanta tralha para vender, que aquilo mais parecia uma feira.

Uma vergonha, acho eu. Mas devo ser só eu...

26/03/08

UFA!

Adoraria poder escrever aqui. Sinal de tranquilidade, de paz de espírito.
Mas há demasiados assuntos em cima da minha mesa: as aulas, o concurso que ando a organizar, a segunda edição do livro (em apenas um mês!!), o projecto do próximo, o Ciberdúvidas e ainda um convite para colaborar num programa de televisão. "Estás lançada!", dizem-me os amigos com entusiasmo. Só espero não ser lançada contra uma parede bem dura... :-S

Nunca fui ambiciosa, o dinheiro é sempre o motivo menos importante para aceitar um trabalho, não desejo a projecção social. Não quero chegar a nenhum desses lados aonde a maior parte das pessoas gostaria de ir parar. E, sobretudo, não quero sacrificar a minha vida pessoal, a minha relação com a família que amo, que é tudo para mim. Preciso de ter tempo para simplesmente contemplar os meus filhos e embevecer-me com eles. Para namorar, sempre que o hábito ameaça tornar-me numa de dois funcionários dos turnos domésticos e parentais aqui de casa!





12/03/08

Poesia

Quando escrevo um poema fico feliz.
Sinto que construí uma coisa bonita, que faz sentido e tem uma sonoridade agradável ao mesmo tempo. É a minha forma humilde de me tentar aproximar dos compositores, que conseguem escrever música.
Gosto de escrever seja o que for, mas os poemas são vivos, alegres, uma brincadeira. Mesmo que o tema seja pesado e triste, as palavras aligeiram-no com a beleza do seu ritmo. E o ritmo, para mim, é fundamental. Por isso não compreendo a poesia que soa como a prosa, que não tem rima nem musicalidade. Nem gosto. Um poema sem ritmo parece-me um equívoco: alguém se enganou e não escreveu até ao fim das linhas. Ou então uma traição: alguém quis roubar à poesia aquilo que ela tem de mais belo e característico.

04/03/08

Nostalgia de Kalkitos


Lembrei-me deles a propósito de um poema que estava a escrever sobre livros.
Nem sabia que tinham sido criados pela Gilette!
Andei a ver o que se dizia sobre eles na net e percebi que é mais uma das grandes criações dos anos 80, que desapareceram para sempre... se soubesse, teria guardado os poucos com que me entretive, alegre e inocentemente, sem desconfiar que estava a brincar com uma coisa que se transformaria em relíquia do passado. Mas é sempre assim, na infância. Não damos valor a nada, pensamos que tudo é para sempre.

27/02/08

A Escolinha

Na escola da minha filha há pinturas que fazem sonhar. Estão por todo o lado, dentro e fora daquela casa tão acolhedora, onde o reboliço constante da criançada, a azáfama das cozinheiras, o empenho das educadoras e o sorriso da directora me dão todos os dias vontade de voltar a ser criança.

Há dias, enquanto esperava, no recreio, que se abrisse a porta do refeitório para entrar com a turma e as educadoras da minha filha e partilhar o seu bolo de aniversário, reparei nesta simpática minhoca. Passou logo a ser a minha preferida, de entre todas as pinturas que animam o velho edifício, sempre de cara lavada e alegre.

E vocês... não gostavam de ter andado numa escola assim?